segunda-feira, 8 de junho de 2015

KALINGAS - OS ULTIMOS GUERREIROS TATUADOS



Na densa floresta da Ilha de Luzon nas Filipinas vivia um grupo de temidos guerreiros caçadores de cabeças, os Kalingas, conhecidos pela bravura e ferocidade. Conta-se que eles em pleno Século XX, mais precisamente no período da Segunda Grande Guerra, repeliram o exercito japonês de sua ilha.

O que mais chamou a atenção do mundo para esse grupo tribal foi a arte da tatuagem, chamada por eles de "Batok, praticada por ambos os sexos. Os homens recebiam suas tatuagens em várias etapas da vida, algumas para proteção, outras para curar doenças, entretanto a mais desejada era aquela conseguida após derrotar um inimigo e arrancar sua cabeça. Já as mulheres eram tatuadas na puberdade para embelezar e mostrar ao grupo sua maturidade sexual.

Tradição milenar, a arte Kalinga não suportou o impacto da cultura moderna, anos de colonização e missões religiosas. Aos poucos os Kalinga foram sendo “pacificados” fazendo-os também abandonar suas tradições religiosas e culturais tidas pelos missionários como barbárie.

Atualmente apenas no pequeno vilarejo de Buscalan na Ilha de Luzom que a arte do Batok é praticada e Whang Od é a última "mambabatok" título dado aos mestres da tatuagem Kalinga. Com 95 anos de idade ela tem se dedicado a tatuagem desde os 25 anos quando perdeu seu amado em um acidente. Whang atualmente recebe visitantes de todo o mundo que querem se tatuar na forma tradicional. Alguns desenhos são exclusivos dos Kalinga e só os guerreiros podem carregar tais imagens.

Segundo suas próprias palavras para o site http://lookingforstories.com/ Whang diz, "….felicidade é poder viver até 100 anos tatuando. E sou grata por ter pessoas de todo o mundo me visitando e fazendo tatuagens comigo. Isto dá sentido para minha vida.

A tatuagem Kalinga é feita através da percussão de um bambo com uma agulha feita do espinho de uma fruteira nativa a Sahu e a tinta é feita de uma mistura de carvão e óleos vegetais. Os desenhos são compostos de delicados motivos geométricos e alguns elementos figurativos com muitas linhas e poucos preenchimentos. Um dos principais designs é o adornos em V estampado no peito dos guerreiros, tendo ao centro um Gayang, a águia que leva a mensagem dos homens aos Deuses, e a estrela Bituwon que guia os caçadores de cabeças nas batalhas.

Atualmente existe um resgate a arte Kalinga por parte de jovens filipinos, que embora vivam em grandes cidades tem o orgulho de ser descendentes dos "Caçadores de Cabeças". Feita a a partir do método moderno essas tatuagens tem atraído a a atenção dos tatuadores ocidentais e já virou um livro o "Kalinga Tattoo: Ancient & Modern Expressions of the Tribal".

Mais a arte ancestral que estava prestes a desaparecer engolida pelo mundo moderno ganha uma nova esperança a partir de Grace Palicas, sobrinha-neta de Whag Od que está sendo iniciada na arte do Batok, seguindo a tradição e garantindo por mais uma geração a belíssima tatuagem Kalinga.

Vida longa aos Kalinga!!


Guerreiro Kalinga início do Século XX




Guerreiro Kalinga ( Foto por Lars Krutak)




Whang Od, tatuadora com 95 anos uma das ultimas a manter a 
tradição do Batok. ( Foto por Lars Krutak)




Jovem filipino com uma arte Kalinga feita a a partir da 
tatuagem moderna. ( Foto: Vanishing Tattoo)




Jovens urbanos resgatam sua cultura a partir da 
modernização da tatuagem Kalinga.
( Foto: Vanishing Tattoo)




Video sobre Whang Od a ultima mambabatok.





Sóstenes Carneiro Lopes
Jornalista de formação, é tatuador no
 estúdio Mahadeva Custom Tattoo e 
Professor de Linguagem Visual na 
graduação em Arte e Midia /UFCG









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